Quais são os riscos ao investir em renda fixa?
Quando falamos em investir em renda fixa, o que vem em nossa mente é simplesmente a questão da segurança. O que poucas pessoas sabem é que até no tipo de taxa escolhida pode haver algum risco e é exatamente sobre os riscos de renda fixa que iremos falar hoje.
Vamos começar pela escolha do título. Primeiro, é de costume escolhermos qual o tipo de ativo que irá satisfazer nossas necessidades financeiras e, a seguir pontuaremos cada fato.
Não ter o seu dinheiro de volta - Risco de liquidez
Aplicações de renda fixa que envolvem liquidez diária servem justamente para compor a reserva de emergência que deve ter de seis a doze meses do seu custo de vida mensal. A ideia é te proteger justamente de um risco, que é o risco de liquidez.
O risco de liquidez é quando há a impossibilidade de pegar o seu dinheiro de volta na data que já havia sido acordada, seja em liquidez diária ou no vencimento.
Uma das opções para se proteger desse risco é investir em ativos com liquidez diária ou então naquelas instituições que você sabe muito bem a origem e tem informações que o pagamento não irá atrasar.
Com medo de presenciar o risco de liquidez, muitas pessoas optam pela poupança para guardar a sua reserva de emergência. Elas acreditam que a poupança é a única que pode proporcionar a retirada rápida do dinheiro e que também é mais segura que as outras aplicações.
É válido destacar que a poupança possui exatamente a mesma garantia que um CDB, LC, RDB, LCI ou LCA, e que parte desses títulos também podem apresentar a mesma liquidez diária que ela, o que a transforma apenas em uma aplicação mais comum e não mais segura.
Quando falamos da poupança, a regra de rentabilidade é que se a taxa Selic for igual ou menor que 8% ao ano, a taxa paga pela poupança será de 70% da taxa SELIC + TR que é a nossa taxa referencial que atualmente está zerada. Então é o mesmo que dizer que é apenas 70% da taxa Selic.
O investidor pode optar por outros ativos que tenham exatamente a mesma segurança que a poupança já que sua rentabilidade será maior e o risco é o mesmo.
A instituição pode te dar um calote – risco de crédito
É chamado risco de crédito quando a instituição não te paga. Imagine adquirir uma debênture, que é um título emitido por uma empresa não financeira e que a garantia que você possui, no final das contas, é a palavra dela. Pode acontecer de a empresa que emitiu a debênture ter prejuízos constantes e não conseguir te pagar.
Assim, é possível perder todo o valor investido mais o rendimento que você ganharia. Algumas instituições podem até postergar o pagamento ao invés de simplesmente não pagar, assim o risco de crédito se transformaria em risco de liquidez.
Um detalhe legal sobre as debêntures é que existem as que são conversíveis em ações, ou seja, depois de um tempo você pode trocar seu título de renda fixa por ações da empresa o que acaba diminuindo o risco de crédito.
Você precisará ficar atento para a oscilação das suas novas ações, o que entraria na categoria de risco de mercado.
Fatores externos podem prejudicar seu investimento – risco de mercado
Existe um terceiro grande risco que é justamente o risco de mercado. É simplesmente tudo o que for externo e que pode atrapalhar a sua aplicação. Por exemplo, existem investidores que negociam contratos de produtos como milho, soja e por aí vai. Esse contrato leva em conta o preço dessa comodity, e se algo acontecer e fazer com que o preço do milho ou da soja caiam, como uma superprodução por exemplo, o contrato valerá menos do que o investidor achou que valeria. Assim, ele pode ser prejudicado.
Outro risco de mercado muito comum é quando há alterações imprevistas na taxa de juros. Pense em alguém que investiu no tesouro Selic, mas a taxa Selic começa a cair absurdamente e sem parar. A cada dia que passa a rentabilidade será menor.
Ainda assim, tenha em mente que investir em títulos públicos é ter o menor risco do mercado nem a poupança, CDBs, ações ou qualquer debênture possuem um risco tão baixo quanto investir no governo.
Risco x retorno
Quando o assunto é mercado financeiro, ter risco baixo significa que as taxas são, na grande maioria das vezes, baixas. E o contrário também acontece, quanto maior o risco maior será o seu retorno.
É possível ver essa relação mesmo dentro da renda fixa. Os títulos privados possibilitam taxas maiores do que os títulos públicos, isso porque os riscos, de modo geral, são maiores.
Se o investidor for extremamente conservador, deve se ater principalmente a títulos públicos e a títulos privados que contenham a proteção do FGC. Para os títulos que não apresentam FGC, é necessário olhar para a empresa que está por trás da aplicação. Elas devem estar muito bem fundamentadas e aí cabe ao investidor pesquisar afundo.
Ao olhar para uma empresa, uma das técnicas que podem ser utilizadas se chama análise fundamentalista. Esta análise que é mais utilizada para adquirir ações, também serve para as debêntures.
Nela é possível ver se a instituição está endividada, se é produtiva, se tem dinheiro suficiente para pagar suas contas e os seus investidores e por aí vai.
Espero que você tenha gostado deste artigo e passe a olhar para as aplicações com outros olhos, sabendo exatamente aonde está colocando o seu dinheiro e quais são os riscos que está correndo.
Um grande abraço da equipe que cuida de você,
Del Consultoria.